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segunda-feira, 2 de março de 2015

Mais de 20 mil pessoas marcham, em Belém, contra o trabalho infantil


Foi no último domingo (01/03), que mais de 20 mil pessoas foram às ruas participar da Marcha de Belém Contra o Trabalho Infantil. O objetivo da ação foi de mobilizar a sociedade e promover a conscientização sobre a necessidade da erradicação do trabalho infantil. A programação teve início na escadinha da Estação das Docas e seguiu por uma das avenidas mais movimentadas da cidade rumo à Praça da República. Na chegada, a animação ficou por conta das Crias do Curro Velho e do Arraial do Pavulagem.
 

Coordenada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, com o apoio e organização de diversos parceiros​ (​entre eles a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 8ª Região – AMATRA 8, o TJ do Pará, a Prefeitura de Belém, o Governo do Estado do Pará, o Ministério Público do Trabalho e do Estado, a SRTE, OAB, Fecomércio, Fiepa, Amepa, UNICEF e diversos movimentos sociais, além de todo o sistema de comunicação do Pará), ​a Marcha de Belém Contra o Trabalho Infantil ​foi um ato de afirmação e participação popular. 

A Presidente da AMATRA 8, Claudine Teixeira da Silva Rodrigues, em nome da entidade que, desde 2010, levanta a bandeira do combate ao trabalho infantil, destaca o papel da Associação dos Magistrados do Trabalho. “A nossa visão associativa não nos permite fechar os olhos para os problemas da sociedade. Pelo contrário, estaremos sempre unidos no combate aos problemas sociais, principalmente àqueles relacionados ao mundo do trabalho”, destacou. Magistrados associados e seus familiares caminharam lado a lado pelo mesmo objetivo.

Representando o Tribunal Superior do Trabalho, o Ministro Lélio Bentes, coordenador nacional da Comissão de Erradicação do Trabalho Infantil, veio a Belém especialmente para participação na Marcha, e destacou como este movimento representa o compromisso da sociedade paraense com o objetivo assumido internacionalmente pelo Brasil. “Nós temos hoje​, no Brasil​, quase três milhões e duzentas mil crianças e adolescentes que trocam os estudos pelo trabalho precoce. Isso prejudica o seu desenvolvimento. A sociedade paraense vem à rua demonstrar sua confiança de que o Brasil honrará o compromisso de ​que, ​em 2020​,​ erradicar​á​ todo o trabalho infantil do nosso país”, afirmou.

De acordo com pesquisa do Fórum Estadual pela Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalho do Adolescente, que divulgou, em fevereiro, o relatório do Trabalho Infantil no Pará, houve redução de 10% no número de crianças e adolescentes envolvidos nesse contexto, porém o desafio de retirar outros tantos dessa situação ainda é grande. Para Vanilza Malcher, juíza do Trabalho e gestora regional do programa, o evento deve despertar a sociedade para o problema do trabalho infantil. “Nós temos hoje, no estado do Pará, 198 mil crianças e adolescentes em condição de trabalho ilegal. Então, é necessária a conscientização da população para este problema”, ressalta.

O problema é mais recorrente na cidade, onde estão 54% dos trabalhadores infantis, sendo a maioria do sexo masculino, enquanto 46% estão no meio rural. Outro dado que chama atenção é o quantitativo de crianças que estão trabalhando sem remuneração, que chega a mais de 42% no Pará. De acordo com o Superintendente Regional do Trabalho e Emprego, Raimundo Pinheiro, esse é um momento histórico. “É inadmissível que​,​ em pleno século XXI​,​ ainda estejamos discutindo a exploração do trabalho infantil. Mas, aqui, a população foi mobilizada e o Pará vai dar uma resposta e, com certeza, o Brasil vai acordar para este momento importante e esse desafio que é de todos nós”. 

​Tendo como mestres de cerimônia os jornalistas e advogados Márcia Freitas e Ronaldo Porto, a marcha foi um momento também de se conhecer melhor a legislação e as justificativas científicas para se dizer não ao trabalho infantil. Ao longo do percurso, os dois leram diversas mensagens que explicavam os prejuízos causados pelo trabalho infantil e sobre a importância da sociedade denunciar a exploração de crianças e adolescentes. Em frente ao Teatro Waldemar Henrique, na Praça da República, foi realizada a leitura da “Carta de Belém” pelas juízas Maria Zuíla Dutra e Vanilza Malcher, Gestoras Regionais do Programa. A carta é uma declaração da sociedade paraense em repúdio a esta inaceitável forma de violação dos direitos das crianças e adolescentes.
 


Leia a carta, na íntegra em: http://www.trt8.jus.br/images/cartabel.pdf

 
Renata Torres, com informações da Ascom do TRT8.

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