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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

ALUNOS BENEFICIADOS COM O PROGRAMA TJC EMOCIONAM OS INTEGRANTES DA CARAVANA TIRA DÚVIDAS EM BELÉM

“Minha mãe me deixa em casa cuidando de meus quatro irmãos mais novos quando vai trabalhar. Isso tá certo?” (13 anos).
“O que a criança pode fazer quando o assistente social vai buscar a gente porque soube que os pais bota a criança pra trabalhar na rua?” (9 anos).
“Quando a criança tem menos de 14 anos e não tem ninguém para ajudar ela, o que ela pode fazer?”. (12 anos).

Estas foram algumas das dezenas de perguntas respondidas pelos integrantes da 1ª etapa da CARAVANA TIRA DÚVIDAS do TJC da AMATRA8 (Pará e Amapá), no período de 06 a 09 de agosto, em que participaram aproximadamente 50 educadores e 700 alunos (crianças e adolescentes distribuídos em 25 turmas) de cinco escolas públicas / centros comunitários conveniados e entidades de bairro periférico em áreas de riscos de violência da Região Metropolitana de Belém, que estão sendo beneficiadas com o PROJETO TRABALHO, JUSTIÇA E CIDADANIA neste ano de 2013: Escola Maria Amoras, Associação Cristo Redentor, Centro Social da Paróquia Santa Edwiges, Escola de Emaús e Movimento República de Emaús.

O Programa alcança alunos do ensino fundamental e básico. A 2ª Etapa da Caravana, prevista para o próximo mês de setembro, vai visitar a Escola Cristã do Bengui e a Comunidade do Lixão do Aurá.

A CARAVANA revisou todas as temáticas da Cartilha do Trabalhador (Direitos Humanos, Direito do Trabalho, Direito Sindical, Direito Previdenciário e Direito Constitucional), fazendo a devida adequação à linguagem para melhor compreensão de cada público-alvo (crianças e adolescentes).

Nos três dias de atividades da CARAVANA (6, 7 e 9), as crianças e adolescentes demonstraram entusiasmo e grande interesse em fazer parte do Programa TJC. O engajamento de todos (educadores e alunos) ficou visível com a apresentação de gincanas, cartazes e cantos produzidos nas salas de aula, como forma de apresentar o que assimilaram do conteúdo que receberam a partir do “I SEMINÁRIO DE CAPACITAÇÃO DE MULTIPLICADORES”, realizado em fevereiro deste ano.

Destaques emocionantes dessa fase do TJC na Oitava Região foram o atendimento a Grupos de Adolescentes que cumprem medidas socioeducativas (entre 13 e 16 anos), o atendimento às crianças entre 8 e 10 anos, que já viveram a experiência de pedir esmolas nas ruas; o atendimento aos jovens do Projeto Pequeno Aprendiz da Escola de Emaús; e o atendimento aos adolescentes que integram Grupos de Trabalho Comunitário de paróquias também vinculadas ao Programa TJC.

Os questionamentos das crianças tiveram por base o conteúdo da Cartilha do Trabalhador aliado aos dilemas pessoas de suas famílias, geralmente fora do mercado de trabalho ou famílias destruídas pela própria violência social que lhes retira os direitos e garantias previstos na Constituição Federal de 1988.

Dos relatos feitos pelos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas por envolvimento com todas as drogas duas realidades ficaram bem patentes: 1) são adolescentes criados somente com a mãe ou pelos avós, pois os pais os abandonaram também por envolvimento com bebidas e drogas; 2) são adolescentes que continuam excluídos porque permanecem estigmatizados pelo crime.

Outros relados preocupantes foram feitos por uma turma de 20 crianças entre 8 a 10 anos de idade. A maioria dessas crianças, que mora na área de alto risco ou risco vermelho de insegurança da periferia de Belém, tem problemas nutricionais, séria carência afetiva e material, além de conviverem com o ambiente conturbado da desarmonia familiar. As perguntas feitas por esses alunos revelaram a realidade dramática de suas vidas. Neste sentido, o TIRA DÚVIDAS partiu da própria realidade das crianças e adolescentes para explicar, de forma objetiva, noções bem simplificadas de seus direitos e deveres.


A grande esperança dos integrantes da CARAVANA foi perceberem que essas crianças demonstraram uma vontade iluminadora de receber informações e de sair da situação em que vivem. A sede de conhecimento é tão grande que a maioria dos alunos dessa escola estava com as suas perguntas escritas no caderno, elaboradas durante o estudo da cartilha. Uma menina de 9 anos (paraplégica e também com imensas dificuldades na fala) fez cinco perguntas sobre trabalho infantil, inclusive querendo explicações no sentido de saber “porque as novelas têm crianças trabalhando se o trabalho infantil é proibido?”.


Um dos momentos emocionantes dessa 1ª Etapa da CARAVANA TIRA DÚVIDAS foi proporcionado por um grupo de crianças (de 4 a 6 anos), da Escola Maria Amoras, que cantaram, de forma vibrante, acreditando na erradicação do trabalho infantil.


A pesquisa científica do TJC da Amatra8, que está sendo realizada em razão do convênio com a Universidade da Amazônia, com vistas a avaliar as expectativas, monitoramento e satisfação do Programa, vai consolidar todos os dados dessa atividade para inseri-los no Relatório final do TJC 2013 na 8ª Região, a ser apresentado na Culminância marcada para o dia 14 de novembro deste ano, no auditório do TRT.

A Caravana de 22 pessoas, era composta por 11 juízes: Zuíla Dutra (Coordenadora), Océlio Morais (Vice-coordenador), Antonio Coelho (Presidente AMATRA8), Vanilza Malcher, Claudine Rodrigues, Ângela Maués, Edilene Franco, Marcos Moutinho, Érica Bechara, Giovana Morgado e Roberta Santos; 01 Procurador do Trabalho: Faustino Pimenta; 01 Professora da UNAMA: Clarice Paixão e 09 advogados: José Cláudio Santos (Presidente ATEP), Claudiovany Teixeira, Evandro, Marília Rebelo, André Serrão, Vasco Borborema, Gláucia Rocha, Ivone Leitão e Joênia Picanço.

Belém, 12/08/2013.
Maria Zuíla Lima Dutra (coordenadora) 
Océlio de Jesus C. Morais (Vice-coordenador)

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